quinta-feira, 20 de maio de 2010

Escrever a quatro mãos...

Escrever um livro de ficção a quatro mãos é uma experiência completamente nova para mim. Quando se escreve com mais alguém acontece um curioso processo de deslocamento. O que eu quero dizer é o seguinte: ao se escrever solitariamente, muito do que produzimos resulta de uma projeção histórico-psicológica, mesmo que inconsciente. Há coisas da nossa vida pessoal que vão aflorando nas narrativas, quase fora de uma possibilidade de controle racional. Mas, ao se escrever em dupla, somos obrigados a nos afastar desse "eu profundo" e ir em direção ao "eu do outro", no caso, seu parceiro de criação. Resultado: a história se passa num lugar psicológico externo ao autor. Tudo o que está ali é realmente invenção. Muito pouco de vida própria e biografia. Foi assim que me senti. Será que é sempre assim?

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